O sistema nervoso é o centro de controle e rede de comunicação do corpo, que controla as funções dos órgãos e dos demais sistemas e permite interpretar o que acontece em nosso meio externo, ajudando-nos a decidir como reagir as alterações ambientais ou estímulos por meio das contrações musculares.
Este sistema pode ser agrupado em duas categorias principais: o Sistema Nervoso Central (SNC), que é o centro de controle de todo o sistema, sendo composto pelo cérebro e pela medula espinhal; e o Sistema Nervoso Periférico (SNP), que compreende os nervos que conectam o cérebro e a medula espinhal aos receptores sensoriais, aos músculos e às glândulas. O SNP, por sua vez, é subdividido em sistema periférico aferente (formado por neurônios sensoriais ou aferentes, que transmitem a informação dos receptores na periferia do corpo para a medula e o cérebro) e o sistema periférico eferente (formado por neurônios motores ou eferentes, que transmitem a informação do cérebro e da medula para os músculos e glândulas).
O sistema periférico eferente se divide em sistema nervoso somático (que conduz os impulsos do cérebro e da medula para o músculo esquelético e, portanto, nos faz responder ou reagir às alterações do ambiente externo) e sistema nervoso autônomo ( que conduz os impulsos do cérebro e da medula para o tecido muscular liso, originando as chamadas contrações involuntárias)
CLASSIFICAÇÃO DAS CÉLULAS NERVOSAS
O tecido nervoso consiste no agrupamento de células nervosas ou neurônios transmissores de informação (impulso nervoso). Ele também é composto por células que oferecem suporte e proteção chamadas de neuróglias ou células da glia que compreendem a mais de 60% de todas as células nervosas.
Tipos de Neuróglias:
Astrócitos são células em formato de estrela, que se entrelaçam ao redor das células nervosas para formar uma rede de apoio no cérebro e na medula, ligando os neurônios a seus vasos sanguíneos e, assim, ajudam a regular os nutrientes e os íons necessários para as células nervosas.
Oligodendrócitos assemelham-se aos astrócitos pequenos e fornecem suporte por meio da formação de tecido semirrígido, parecido com o conjuntivo, entre os neurônios do cérebro e da medula espinhal e produzem a bainha de mielina.
Células microglias são células pequenas que protegem o SNC e cujo papel é fagocitar e destruir os micróbios, como bactérias e restos celulares.
Ependimócitos revestem os ventrículos cerebrais repletos de líquido; alguns deles produzem líquido cerebroespinhal e outros, ciliados, transportam o líquido pelo SNC.
Células de Schwann formam bainha de mielina em torno das fibras do SNP.
Estrutura do Neurônio:
Suas células nervosas contém um único núcleo, que é o centro de controle da célula. No citoplasma encontramos, além de outras estruturas, uma rede de filamentos chamada neurofibrilas, que se estendem até o axônio da célula, denominada fibra da célula. No citoplasma ainda há estruturas granulares que são denominados corpos de Nissl, local onde ocorre a síntese de proteínas.
Há dois tipos de fibras nervosas: dendritos (são curtos e ramificados, eles são a área receptora do neurônio) e axônios (uma fibra longa que começa individual e depois se ramifica em várias extensões finas, as terminações do axônio, e por sua vez, ficam em contato com os dendritos de outros neurônios.
O CÉREBRO
O cérebro é a parte mais volumosa da cabeça. Sua superfície é composta por massa cinzenta (córtex cerebral) e substância branca. Ele é separado em lado (ou hemisférios cerebrais) direito e esquerdo por uma fissura proeminente chamada de fissura longitudinal; estes são conectados por uma ponte profunda de fibra nervosa, o corpo caloso. Na superfície de cada hemisfério existem várias pregas chamadas giros, que contém ranhuras intervenientes chamadas de sulco. Elas aumentam a superfície do córtex, parte responsável pelo controle do movimento muscular, interpretação dos impulsos sensoriais e tem relação com os processos emocionais e intelectuais.
Os lobos dos hemisférios cerebrais têm seu nome de acordo com os ossos do crânio que ficam sobre eles. O lobo frontal controla as funções musculares, o humor, a agressividade, recepção do cheiro e motivação, de maneira voluntária. O lobo parietal é o centro para avaliação das informações sensoriais de toque, dor, equilíbrio, paladar e temperatura. O lobo temporal avalia as entradas auditivas e o olfato e também atua no processo de memória e como centro importante dos pensamentos abstratos e decisões de julgamento. O lobo occipital funciona na recepção e interpretação das entradas visuais. Um quinto lobo, a ínsula, está embutido no sulco lateral profundo estando envolvido no processamento de várias sensações, como sabor, visceral, dor e função vestibular. Os lobos são separados pelo sulco central (que separa o lobo frontal e parietal) e sulco lateral (que separa os lobos frontal, parietal e temporal).
O CEREBELO
O cerebelo é a segunda maior parte do cérebro; tem um formato de borboleta e está localizado abaixo dos lobos occipitais e atrás da ponte e da medula oblonga do tronco cerebral. Ele é formado por dois hemisférios parcialmente separados e conectados por uma estrutura central constrita chamada vérmis. O cerebelo é composto principalmente de substância branca com uma fina camada de substância cinzenta na sua superfície, chamada também de córtex cerebral. Funciona como centro de reflexo na coordenação dos movimentos da musculatura esquelética, mantendo a postura corporal correta e o equilíbrio.
O DIENCÉFALO
Localiza-se em posição superior ao mesencéfalo e entre os dois hemisférios cerebrais. Ele divide-se em duas áreas principais: tálamo e hipotálamo. O tálamo é a parte superior e a principal estação de retransmissão dos impulsos sensoriais que alcançam o córtex cerebral vindos da medula espinhal, tronco cerebral e partes do cérebro, atuando de forma importante como centro de interpretação do reconhecimento consciente da dor, temperatura e sensibilidade de pressão bruta e toque. Já o hipotálamo localiza-se na parte inferior e controla as principais funções do corpo relacionadas à homeostase. Há ainda uma terceira estrutura, o epitálamo, uma pequena área superior e posterior ao tálamo, que contém alguns núcleos pequenos relacionados às respostas emocionais e viscerais ao odor, além da glândula pineal (produtora de melatonina, um hormônio derivado da serotonina que modula os padrões de sono).
A MEDULA ESPINHAL
A medula espinhal começa como uma continuação da medula oblonga do tronco cerebral, tendo como principal função transportar os impulsos do cérebro para a periferia do corpo e integrar os reflexos; seu comprimento é de aproximadamente 40 a 45 cm. Ela é composta por uma sequência de 31 segmentos, e cada um dele dá origem a um par de nervos espinhais. Assim como o cérebro, a medula espinhal é protegida pelas meninges, uma sequência de membranas de tecido conjuntivo.
A meninge espinhal mais externa é chamada de dura-máter, que forma um tubo externo rígido de tecido conjuntivo fibroso branco. A meninge mediana é chamada de aracnoide-máter, formando um tubo membranoso de tecido conjuntivo dentro da dura-máter. A mais interna é denominada pia-máter, uma membrana fibrosa transparente que forma um tubo ao redor da superfície da medula e adere-se a ela.
Entre a dura-máter e a aracnoide-máter há o chamado espaço subdural, que contém líquido seroso; entre a aracnoide e a pia-máter encontra-se o espaço subaracnoide que contém um líquido cerebroespinhal limpo e aquoso.
ANATOMIA E FUNÇÕES DO TRONCO CEREBRAL
O tronco cerebral compreende a medula oblonga, a ponte de Varolius e o mesencéfalo, que conecta o cérebro à medula espinhal.
A medula oblonga contém todos os tratos ascendentes e descendentes que se conectam entre a medula espinhal e as várias partes do cérebro. Esses tratos formam a substância branca da medula. Alguns tratos motores cruzam conforme passam pela medula; esse cruzamento é chamado decussação das pirâmides e explica por que as áreas motoras de um lado do córtex cerebral controlam os movimentos do músculo esquelético do lado oposto do corpo. Ela também contém uma área de substância cinzenta espalhada com algumas fibras brancas chamada de formação reticular, que atua na manutenção da consciência e na excitação. Existem três reflexos vitais deste sistema reticular: centro vasomotor (que regula os diâmetros dos vasos sanguíneos), centro cardíaco (que regula a intensidade da contração e do batimento cardíaco), e a área de ritmicidade medular (que ajusta o ritmo básico da respiração).
A ponte de Varolius conecta a medula espinhal ao cérebro e partes do cérebro em si, além de desempenhas papel importante no controle da respiração.
O mesencéfalo contém os pendúnculos cerebrais ventrais que transmitem os impulsos do córtex para a ponte e medula espinhal e também o teto dorsal, que é o centro de reflexo que controla os movimentos do globo ocular e da cabeça em resposta aos estímulos visuais. Controla também os movimentos da cabeça e tronco em resposta aos estímulos auditivos.
FISIOLOGIA DO IMPULSO NERVOSO
A célula nervosa é semelhante à célula muscular com relação às concentrações de íons entre os meios intra e extracelular. Os íons de sódio (Na+) com carga positiva têm maior concentração fora da célula do que dentro dela. Há uma concentração maior de íons de potássio (K+) com carga positiva dentro da célula do que fora dela. Além dos íons de K+, o interior da fibra tem íons de cloreto (Cl-) com carga negativa e outras moléculas orgânicas, também com carga negativa. Assim, a fibra nervosa também apresenta distribuição elétrica, de modo que o exterior possui maior concentração de cargas elétricas positivas enquanto o interior apresenta maior concentração de cargas elétricas negativas. Essa condição é conhecida como potencial de repouso ou potencial de membrana.
A célula mantém o potencial de repouso por meio da bomba de sódio e potássio, que promove ativamente a saída de Na+ da célula e a entrada de íons de K+ para o meio intracelular.
Com o início do impulso nervoso, a permeabilidade dos íons de sódio muda e ele desloca-se rapidamente para dentro da célula, causando uma alteração de carga negativa (-) para positiva (+) no meio intracelular. Essa inversão de carga elétrica é chamada despolarização e produz o potencial de ação da célula que se movimenta em um sentido pela fibra nervosa. Agora, os íons K+ começam a se movimentar para fora da célula, a fim de restaurar o potencial de repouso da membrana.
A bomba de sódio e potássio começa a funcionar, bombeando os íons Na+ para fora e os íons K+, que haviam saído, de volta, para dentro da célula. Este evento restaura as cargas originais e a ele damos o nome de repolarização. Esse processo mantém-se na fibra nervosa, atuando como corrente elétrica, transportando o impulso pela fibra.
O impulso nunca varia de comprimento, qualquer que seja a fibra nervosa. Se o estímulo ou alteração ambiental não for intenso o suficiente para fazer com que a fibra conduza o impulso, esta terá a mesma intensidade daquele provocado por um estímulo mais intenso. Isso é conhecido como lei do tudo ou nada. Nessa lei, afirma-se que se uma fibra nervosa conduz um impulso, ela o transporta com intensidade total.
TRANSMISSÃO SINÁPTICA
Sinapse é a área na qual os ramos terminais do axônio são fixados próximos às extremidades dos dendritos de outro neurônio, mas não as tocam. Essas sinapses constituem-se em uma junção de sentido único, assegurando que o impulso nervoso se desloque na mesma direção.
A transmissão pela sinapse é provocada pelas secreções de concentrações muito baixas de substâncias químicas chamadas neurotransmissores, que se movimentam pela fenda sináptica (espaço entre as terminações do axônio e dendritos do neurônio seguinte). À medida que o impulso nervoso se desloca pela fibra, ele faz as vesículas das terminações de um axônio pré-sináptico liberarem o neurotransmissor químico deslocando-se até o neurônio pós-sináptico. Alguns neurônios produzem apenas um tipo de neurotransmissor; outros produzem dois ou três. Os mais conhecidos são acetilcolina, noradrenalina, serotonina, dopamina e endorfinas.
O ARCO REFLEXO
Ao ter uma reação involuntário a um estímulo externo apresentamos um reflexo. O reflexo nos permite responder com mais rapidez do que se tivéssemos que pensar conscientemente sobre o que fazer e interpretar as informações no SNC. O reflexo, então, é uma reação ou resposta involuntária a um estímulo aplicado na periferia do corpo e transmitido ao SNC.
O arco reflexo é o caminho (mais simples e mais curto) percorrido pelo estímulo, que resulta na resposta reflexa. Ele contém cinco componentes:
Receptor sensorial na pele;
Neurônio sensorial ou aferente;
Neurônios internunciais ou de associação;
Neurônio motor ou eferente;
Órgão efetor, como o músculo.
Tipos de reflexo:
Reflexo de estiramento (ou reflexo miotático)
Quando ocorre alongamento da fibra muscular, o fuso envia sinais sensitivos à medula espinal e a resposta é uma contração deste mesmo músculo para evitar a ruptura de suas fibras, gerando uma resposta protetora. Desta mesma forma o fuso muscular também age para a manutenção do tônus muscular e de nossa postura, adaptando o grau de contração das fibras musculares de acordo com as necessidades daquele momento. O teste clássico do martelinho no tendão patelar é para testar os reflexos do fuso muscular do quadríceps e sua velocidade de reação à percussão. Porém temos reflexos em vários outros tendões além deste.
Reflexo tendinoso
O reflexo tendinoso ocorre também em nível muscular, só que desta vez depende de uma estrutura localizada na junção músculo-tendínea, chamada Órgão Tendinoso de Golgi (ou OTG). O OTG é sensível às forças de tensão dos músculos, portanto quando estamos segurando um peso muito maior do que nossos músculos suportam, o OTG emite um estímulo sensitivo à medula espinal e como resposta o músculo relaxa e soltamos o peso. Isso é importante para proteger os músculos de ruptura dos tendões e/ou das fibras musculares por cargas excessivas.
Reflexo de Retirada (ou Reflexo de Flexão)
O reflexo de retirada ocorre em nível cutâneo, diferentemente dos reflexos citados anteriormente. Na pele temos milhões de terminações nervosas sensíveis à dor e ao calor, que conduzirão estes estímulos até a medula espinal. Isto é importante para proteger a nossa pele de lesões térmicas e mecânicas, gerando um reflexo motor de retirada muito rápido. Sendo assim, quando você coloca a mão numa chapa quente ou pisa em um prego, as terminações nervosas sensitivas são ativadas emitindo um estímulo à coluna posterior da medula. Nesta região ocorrerão sinapses com vários neurônios motores para que você retire sua mão da chapa evitando lesões de pele.
O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) é uma subdivisão do sistema nervoso periférico eferente e funciona automaticamente, sem esforço consciente. Ele regula as funções dos órgãos internos mediante o controle das glândulas, da musculatura lisa e cardíaca. O SNA tem duas partes: a divisão simpática e a divisão parassimpática.
A divisão simpática prepara o corpo para a atividade física, aumentando a pressão arterial e a frequência cardíaca, dilatando as vias respiratórias para aumentar a frequência cardíaca e estimular a transpiração. Também libera glicose do fígado, como fonte de energia rápida enquanto inibe as atividades digestivas. Este sistema geralmente é chamado de sistema de luta ou fuga.
A divisão parassimpática estimula a digestão, a micção e a defecação e compensa os efeitos da divisão simpática, diminuindo a frequência cardíaca e respiratória e a pressão arterial, além de ser responsável pela constrição das pupilas. Esta divisão também é chamada de sistema de repouso-pausa.
REFERÊNCIA:
(LIVRO) DONALD C. Rizo. FUNDAMENTOS DE ANATOMIA E FISIOLOGIA. 3ª Ed. São Paulo: CEGACE Learning, 2012.
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